Arcanos do Quarto Evangelho
De Ennio Dinucci
Editora Livre Expressão
TRECHOS DO EPÍLOGO DO LIVRO: Os quatro Evangelhos encerram significados profundos, cujos mistérios se encontram além da compreensão dos teólogos e religiosos comuns. Especialmente o Evangelho de João, o mais enigmático de todos, apresenta seus mistérios sob uma luz estranha que tem confundido as conclusões dos sábios intelectuais, cujas teses se apóiam em fatos materiais, biográficos e históricos a respeito da vida de Jesus.
O intuito dessa obra não é descrever milagres e prodígios realizados por um ser extraordinário, conhecido como filho de Deus, seu conteúdo refere-se a acontecimentos psicológicos e espirituais do próprio homem em seu processo evolutivo. Isso não exclui alguns fatos importantes como a vinda de Cristo na época assinalada pela história; nem sua luta contra os escribas e fariseus do antigo culto judaico que de forma alguma podiam aceitar suas idéias, como não aceitam até o presente. O que causa perplexidade é a forma ingênua e sentimental como ela é interpretada pelas religiões populares, que ainda hoje, depois de haver transcorrido mais de vinte séculos desde a sua apresentação, ainda não foi entendida pelos guias religiosos.
Os fatos relatados em suas linhas continuam a ser considerados sob um ponto de vista fantástico e ilusório, contrariando a lógica e o bom senso das pessoas que pensam e raciocinam. Os milagres, como curas milagrosas de cegos, mudos, surdos, paralíticos, não se referem a fatos sobrenaturais ou a fenômenos incompreendidos, mas a transformações psicológicas produzidas pela aplicação dos seus ensinos, naqueles que os praticam regularmente e conscientemente.
É sempre oportuno lembrar que a natureza é regida por leis sábias, justas e invariáveis e Cristo, apesar da sua grandeza, não poderia indispor-se com elas absolutamente, afinal, não declarou ele que “não havia vindo para revogar a lei e os profetas, mas sim para cumpri-las?”.
É um fato incontestável que sem as chaves do esoterismo, especialmente o rosacruciano, a interpretação dessa obra seria simplesmente impossível. Tomar os Evangelhos ao pé da letra, como é hábito das religiões populares, é dar uma demostração de ingenuidade ou no mínimo de ignorância. Esses livros encerram formulas iniciáticas de valor incalculável, de experiências espirituais pelas quais deverá passar o candidato à vida espiritual quando ingressa no caminho que conduz à iniciação.
Paralela à história de Cristo, encontra-se outra de primordial importância: a peregrinação do homem em direção ao Gólgota interior, no qual se realizará a crucificação e a ressurreição espiritual ou Páscoa.
O Quarto Evangelho, especialmente, é a exposição mais misteriosa e transcendental dos mistérios cristãos. Ele descreve de forma “sui generis” o surgimento do homem Jesus de uma forma diferente dos demais evangelistas. Nele Jesus surge como um ser já adulto dirigindo-se a João Batista para solicitar-lhe o batismo.
Este Evangelho foi escrito pela escola mais avançada do cristianismo, dentro do espírito cabalístico baseado na numerologia oculta. Difere amplamente dos demais, o que torna muito difícil sua interpretação para estudantes não versados nos mistérios da antiga numerologia, que atribuía valores numéricos às letras nos idiomas do passado.
Não é sem razão que este livro é preferido pelos mais avançados ocultistas, especialmente pelos Rosacruzes, a escola de mistérios do mundo ocidental, que tem aos seus cuidados a evolução espiritual das raças árias que seguem na vanguarda da evolução. Este trabalho chega ao seu final e ficaria incompleto sem alguns esclarecimentos.
Diz Eliphas Levi, o famoso mago do século XIX que a verdade está acima de todas as opiniões e de todos os partidos. A verdade é como o Sol; cego é quem não a vê. A lógica mais elementar esclarece que a verdade não pode ser captada pela grande maioria das pessoas, cuja consciência é dependente dos cinco sentidos físicos, os quais só podem captar os efeitos visíveis de causas ou verdades invisíveis.
No Evangelho de Nicodemos, considerado apócrifo pelo catolicismo romano, Cristo ao ser interrogado por Pilatos sobre a verdade responde que esta é proveniente do céu, ou seja, dos planos espirituais ou mundos das causas. A verdade é eterna e eterna há de ser a sua busca, diz o sr. Max Heindel. Portanto, é lógico admitir que a verdade não precisa ser inventada, ela é o sustentáculo de toda a criação.
Os Rosacruzes a revelaram pelo fato dos seus membros terem alcançado um grau evolutivo que os introduziram nos reinos em que ela habita e brilha com todo seu esplendor e glória, onde sempre existiu e continuará a existir por toda a eternidade.
O autor desta obra é membro de uma Escola esotérica, a Fraternidade Rosacruciana São Paulo, onde são ministrados os ensinos desta sublime instituição dos mistérios ocidentais, a Ordem Rosacruz. Através da sua excepcional filosofia, apresentada ao mundo ocidental em 1909 pelo seu mensageiro iniciado e autorizado pela Ordem, o senhor Max Heindel, foi possível vislumbrar o brilho dessa deusa cortejada pelos sábios de todos os tempos: a verdade!
O conhecimento dos seus mistérios mais simples, longe de enaltecer a vaidade dos estudantes, torna-os humildes e respeitosos. Embora algumas filosofias do passado tenham se aproximado da verdade em alguma extensão, suas deduções resultaram incompletas por falta de informações autorizadas e também por não ser a época apropriada para a revelação dos arcanos mais profundos.
Coube à Ordem Rosacruz o mérito e a honra de revelar verdades nunca antes anunciadas e à Fraternidade Rosacruciana São Paulo o dever de divulgá-las em toda a sua pureza.