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O Esoterismo Superior e a fantasia espiritualista

O Esoterismo Superior e a fantasia espiritualista

Ennio Dinucci….

O grande obstáculo com que se deparam os estudantes do esoterismo é o de superar a tendência fatal de avaliar seus ensinos pelos padrões intelectuais e relativos, próprios do mundo dos sentidos. Alguns estudantes dotados de um nível de compreensão mais sutil, notam rapidamente que esse método não pode conduzi-los ao conhecimento da verdade; a maioria, porém, nem sequer chega a notar a deficiência deste nível de compreensão (intelectual), passando grande parte do seu tempo especulando as mais variadas linhas do ocultismo, limitados indefinidamente ao campo das teorias e da especulação literal, que impede a maior parte dos estudantes de chegarem a qualquer realização de ordem prática. O desanimo, a desilusão e finalmente, a descrença de todos os ensinos é o resultado obtido por esses investigadores superficiais.

É próprio do homem comum considerar como única e verdadeira, a religião ou filosofia adotada pelo seu nível de compreensão. Esta idéia tem levado muita gente a pensar que é inútil procurar a verdade, uma vez que todas as religiões e filosofias se atribuem o privilégio de possuí-la, desta forma, a verdade seria apenas a opinião sustentada por uma determinada religião.

Esta idéia, assim como a maioria das demais, sustentadas pela mentalidade mundana, é gratuita e destituída de lógica e bom senso. É claro que existe uma “Verdade”, e diríamos até, uma infinidade de verdades que se harmonizam e se completam umas com as outras. Cada ser, cada forma do mundo físico e do espaço sideral possui sua verdade intrínseca, em perfeito equilíbrio com a vontade do Criador!

A grande dificuldade do homem reside no fato de não poder captá-la, devido a insuficiência da sua percepção anímica; os sentidos físicos jamais revelarão ao homem a verdade que interpenetra as formas, pois esta será sempre de ordem espiritual.

O que é preciso compreender é que a verdade não foi inventada pelos homens nem por nenhum fundador de religiões ou de filosofias. “A Verdade é proveniente do céu”, afirmou a Razão Eterna em seu diálogo com Pôncio Pilatos, descrito no Evangelho Apócrifo de Nicodemos. “A Verdade está acima de todos os partidos e de todas as opiniões”, escreveu Eliphas Levi, “a verdade é como o Sol, cego é quem não a vê” ou quem não quer vê-la.

A Verdade, representada pelo trigo da parábola, muitas vezes é confundida com a mentira (joio), e segundo o Divino Iniciador é preciso ter olhos para vê-la, afim de não tomar uma pela outra! Todavia, para chegar ao seu conhecimento e distingui-la da mentira que, muitas vezes se apresenta de uma forma encantadora e sugestiva, capaz de enganar as mentes mais brilhantes, é mister possuir um nível evolutivo que não é comum à grande maioria e, embora esta idéia contrarie a opinião de muitos eruditos, os homens não se encontram numa mesma altura evolutiva; existe uma hierarquia!

Ter olhos capazes de ver além das formas ilusórias, significa ter conquistado uma capacidade anímica fora do comum, que transcende a visão e avaliação do homem terrestre identificado com a matéria. Só depois de ter atingido esta altura psicológica, o indivíduo estará habilitado para separar a aparência da realidade e o sonho da fantasia, permitindo-lhe distinguir no meio do cascalho inútil as pepitas do verdadeiro ouro espiritual!

São muitas as idéias falsas que o homem sustenta a respeito da verdade, entre elas há uma que há muito tempo já tomou conta da mentalidade daqueles que não se dispõem a fazer um estudo sério. Essa idéia infeliz sustenta que todos os caminhos levam a Deus; que todos são bons e que todos, finalmente, vão levá-lo às alturas da glória espiritual! Essa idéia não é racional; seria o mesmo que afirmar que o caminho da mentira pode conduzir à verdade, ou então que uma meia verdade pode conduzi-lo à verdade total, ou ainda, que uma premissa falsa possa desenvolver um raciocínio lógico e verdadeiro. Consideremos que os estudantes do verdadeiro esoterismo hão de ser, antes de tudo, adeptos da lógica e do bom senso!

Além disso, os Evangelhos não corroboram esta afirmação. Eles afirmam enfaticamente que só existe um único Caminho e uma única Verdade que conduz à Vida Eterna: Cristo-Jesus! Isto deve levar o estudante a concluir que é preciso compreender e levar a sério seus ensinos para chegar ao objetivo final apontado por Ele: “O reino de Deus está dentro, em vós”.

Os “saduceus e os fariseus” (cientistas, intelectuais e eclesiásticos), de todos os tempos, estão incluídos neste segundo grupo que indicamos acima, limitados pelo intelecto sensorial, deleitando-se com intermináveis discussões científicas e teológicas que os fazem procurar no exterior a verdade que se encontra em seu próprio interior, impedindo-se a si e aos outros, de chegarem ao conhecimento da verdade, ou melhor dito, do “Manancial Misterioso e Espiritual” de onde brota a verdadeira sabedoria! Estes estudiosos deveriam tomar conhecimento de que o homem, é uma síntese do universo, e que só é possível chegar ao conhecimento de Deus e da imensidão que os rodeia, estudando-se a si mesmos!

Entre as várias frases enigmáticas apresentadas pelos Evangelhos, há uma que deveria ser considerada com especial atenção pelos investigadores sérios, diz ela: “Portanto não os temais (opiniões dos saduceus e fariseus): pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido” (Mateus 10:26).

Esta frase há de ser analisada sob dois aspectos: o interno e o externo. Pelo ponto de vista interno quer ela significar que toda a realidade espiritual do homem será revelada à sua consciência, desde que este alcance o grau de evolução que lhe permita pôr-se em contato com ela.

Pelo ponto de vista externo significa que, tudo quanto os homens sofismaram a respeito da vida espiritual e da criação do universo que, não corresponda à realidade das leis de Deus e da natureza, terá que ser posto de lado como coisa inútil, pouco importando as opiniões dos cientistas e dos teólogos, e muito menos a imensa quantidade de livros que divulgaram suas idéias.

Nos últimos anos, com o advento da Internet e da publicação de várias obras biográficas, é possível tomar conhecimento das várias instituições espiritualistas fundadas no século XX, bem como da vida e dos ideais sustentados por alguns dos seus fundadores. Causa um certo constrangimento quando se toma conhecimento do nível de mentalidade sustentada por alguns destes homens!

Alguns deles, intelectuais de nomeada com inclinação para o hermetismo, defenderam alguns pontos de vista esotéricos, (?) que a rigor não passam de idéias próprias, de sonhos e fantasias individuais, destituídas de qualquer autoridade e sem o aval de nenhuma Escola autorizada pelo plano evolutivo. Os fatos estão aí para provar que esses sonhos filosóficos têm pervertido e desencaminhado a mentalidade de muita gente, levando-as a um misticismo exacerbado e tolo, muito próximo do fanatismo e da superstição.

Outros, dotados de espírito comercial e utilitário, montaram verdadeiros impérios financeiros, mesclando habilmente interesses empresariais, políticos e místicos, às custas dos seus ingênuos seguidores que, encantados com os seus ensinos, lhes garantiram uma vida de alto luxo, conforto, viagens internacionais e hospedagens em hotéis de primeira linha, propiciando-lhes os meios para divulgarem, por meio de livros e conferências públicas, seus altos conhecimentos sobre a matéria!

O que mais admira quando se toma conhecimento da conduta destes homens e mulheres – alguns deles fundadores de conhecidas instituições filosóficas ainda ativas na atualidade – foi sua extrema facilidade de conceber as mais disparatadas idéias.

Como exemplo, citaremos apenas uma, concebida por um dos “mestres” de uma sociedade, que chegou a contar com 40.000 associados em todo o mundo. Essa idéia consistia em preparar um jovem hindu para servir de instrumento ao “Sr Maitreya” (?), o novo Cristo ou grande mestre que, segundo eles, deveria revelar-se ao mundo através desse discípulo, para dar um novo impulso à evolução e revelar ensinamentos completamente desconhecidos até então! Felizmente, esse jovem – dotado com alguma luz própria – percebeu a tempo a farsa espiritualista de que estava sendo vítima, negando-se terminantemente a levá-la adiante.

Outros, depois de muito procurarem e especularem intelectualmente, caíram num estado de apatia ou depressão dolorosa, muito semelhante ao desequilíbrio mental, consumindo grandes quantidades de álcool, adquirindo hábitos estranhos, chegando ao extremo de negar publicamente a existência das Escolas Superiores, dos métodos e sistemas de desenvolvimento espiritual, bem como dos Mestres que revelaram esses ensinos ao mundo. Apenas uma minoria muito seleta indicou o lugar para onde os verdadeiros ensinos deveriam conduzir o discípulo: para o interior de si mesmos!

Não citaremos os nomes dessas pessoas, nem das organizações por eles fundadas, indicaremos apenas a fonte de onde extraímos estas informações, para que os interessados possam tomar conhecimento das idéias extravagantes divulgadas por alguns desses pretensos ocultistas.

Como, “não há nada encoberto que não venha a ser revelado…” recomendamos aos interessados a leitura da obra do Sr. Peter Washington, – “O Babuíno de Madame Blavatski” – publicada pela “Editora Record”. A obra de Mary Lutyens, – “Os Anos do Despertar” – publicada pela Editora Cultrix, bem como de uma coleção composta por 23 volumes, publicada alguns anos atrás pela Editora Abril, intitulada – “Mistérios do Desconhecido” – na qual, em um de seus volumes – “Seitas Secretas” – encontram-se as biografias de vários desses mestres.

Ao recomendarmos a leitura dessas obras, não vai da nossa parte nenhuma intenção de atacar quem quer que seja, mas apenas levar ao conhecimento dos interessados o que pode fazer um ocultismo sem Deus, sem consciência, sem Amor e sem Virtudes! Para que possam comparar o nível e a qualidade das idéias filosóficas expostas por estes “abalizados mestres (as)”, com os princípios sábios, profundos e sublimes apresentados pela “Venerável Ordem Rosacruz“, a Escola de Mistérios do Ocidente, confiando que os verdadeiros estudantes não a confundirão com a “AMORC”, pois esta não é uma “Escola autorizada”, mas apenas uma organização comercial, que indevidamente apropriou-se desse nome sagrado.

Ainda mais, para que notem as diferenças entre os especuladores comuns (intelectuais) e os psíquicos negativos (médiuns) – erroneamente denominados ocultistas – com a dos verdadeiros Iniciados como o Sr. Max Heindel, por exemplo, o insigne e Iluminado Mensageiro dos “Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz”, cuja autoridade, caráter e honestidade estão acima de qualquer suspeita.

O que mais nos chamou a atenção ao ler essas biografias (inclusive a do Sr. Max Heindel) é que, contra ele não foi encontrado nenhum “porém” que pudesse macular ou denegrir seu nome e sua obra! Por essa razão deu-se pouca importância ao seu trabalho, o que impediu de incluir seu nome entre os “grandes ocultistas do século XX”.

É uma verdade comprovada que os valores reais quase nunca são reconhecidos e levados a sério pela mentalidade mundana! Diz Eliphas Levi que, “O belo é sempre simples; a verdade parece coisa ordinária; e o justo passa desapercebido porque não molesta a ninguém. A ordem nunca é notada; é a desordem que atrai a atenção, porque é embaraçosa e gritadora”.

Sem dúvida o Grande Mago do século XIX tinha razão. O nível psicológico do homem comum, materialista e astucioso, é incapaz de sentir e avaliar a grandiosidade dos verdadeiros sábios; a astúcia e o egoísmo que o caracteriza não lhe permite captar as verdades espirituais divulgadas por estes, seu acanhado nível mental o impede de compreende-los e, por essa razão seus ensinos são praticamente desconhecidos, embora se encontrem em todas as livrarias!

Os homens limitados aos sentidos físicos (mesmo sendo cultos), cujas consciências encontram-se enfocadas apenas nas formas ilusórias do mundo fenomenal, com raras exceções, sempre se sentirão atraídos para os charlatões e ilusionistas, especialmente para aqueles que falam com desenvoltura e que enganam as pessoas de boa fé subtraindo-lhes seu haveres. Estes são os ídolos da mentalidade mundana, considerados espertos, inteligentes e até sábios!

Em todos os tempos se deu maior destaque aos que estão ou estiveram envolvidos em escândalos, fraudes e falcatruas de toda a ordem e até mesmo com rituais de magia negra e, quando se procura mostrar essa realidade, seus simpatizantes se negam a aceitá-la e até os defendem! A verdadeira Ciência Esotérica, assim como os Grandes Mestres que a divulgam são praticamente desconhecidos, pois estes não folgam com a mentira, com o lucro e o sensacionalismo barato.

Diante da opção de escolha entre Cristo e Barrabás, o mundo, sem dúvida elegerá Barrabás! O destino dos grandes homens é passarem desapercebidos entre as multidões do seu século, porém seus ensinos não se perdem, eles permanecem e se projetam para a eternidade, por estarem alicerçados na Verdade, no Amor e na justiça! Por essa razão a Filosofia Rosacruciana, apresentada ao mundo ocidental em 1909 pelo Sr. Max Heindel, é praticamente desconhecida por uma grande parte daqueles que se dizem estudantes de ocultismo!

No decorrer deste trabalho, tentaremos mostrar ao estudante que o homem comum, não passa de um reflexo fugaz de consciência; que todo o reflexo se manifesta de forma inversa à realidade que o produz, sendo esta a causa que faz com que os homens vejam tudo ao contrário da realidade!

Tudo indica que é chegado o tempo de proclamar a verdade em alta voz; de revelar o que estava oculto, para que tudo que não esteja em consonância com a Verdade de Deus revelada por Cristo, caia definitivamente para não mais se erguer.

Cristo, caia definitivamente para não mais se erguer. Podemos lamentar, porém, não nos impressionarmos absolutamente ao tomar conhecimento destas informações, já que conhecíamos, em alguma extensão, as idéias sustentadas por estes “mestres”, portanto, seus frutos eram previsíveis. Todavia, elas são de grande utilidade, pois serviram para reforçar nossas convicções de que o intelecto, sem a revelação do Espírito, só pode levar a saturação mental, a fantasia e a dúvida sobre a veracidade de todos os ensinos. A prática tem comprovado que a mente divorciada do coração não pode chegar ao conhecimento de verdade alguma e, muito menos, receber o impulso dinâmico que desperta no homem o Amor por Deus e pelo Próximo!

Sem a revelação do Espírito é impossível erguer a compreensão acima da letra morta de qualquer ensinamento e distinguir a verdade da mentira, o sonho e a fantasia da realidade, a distinção entre os fatos históricos e o sentido simbólico das Escrituras! Sem a revelação interior o homem não pode chegar ao conhecimento da verdade, permanecendo indefinidamente no nível da ilusão e da mentira sensorial, mesmo sendo filiado à maior religião da terra!

Voltamos a repetir que o esoterismo começa aonde termina a investigação intelectual, isto é, quando cessam de afluir à mente as impressões captadas pelos sentidos físicos, que hão de ser substituídas por outro tipo de impressões derivadas de um nível de compreensão mais elevado, que só pode ser encontrado no plano onde reside a sabedoria do Espírito (Maná Escondido)!

Dessa fonte de informações internas procede a revelação, intuição ou iluminação, também conhecida como “Entendimento Espiritual”. Rogamos aos estudantes para não confundirem a “Intuição” com a fantasia intelectual da mente concreta, pois esta conclusão os levaria a incorrer em graves e lamentáveis enganos, como aqueles que ocorreram com alguns dos pretensos ocultistas do passado, considerados ainda hoje pelas opiniões desautorizadas como os grandes magos do século XX.

O que o investigador sincero mais necessita é a “certeza do conhecimento” e, quando este é proveniente da “Fonte Interna”, ele se reveste de uma tal convicção e autoridade (sentida até pelas pessoas descrentes) a qual, não se deixará abater nem enganar por nenhuma idéia contrária, por mais bela e sofisticada que possa ser.

São Paulo chamou a esta faculdade espiritual, “A Mente de Cristo”, prometida a todos aqueles que se convertem em verdadeiros discípulos do seu Cristo-Interno; a todos que recebem o “Paráclito” ou o “Espírito da Verdade” em suas consciências e que, por essa razão, não se iludem mais com as aparências, e muito menos, com as insinuações do intelecto ou mente carnal.

O despertar do “Paráclito” no interior da alma humana faz aflorar no homem o “Espírito de Caridade”, isto é, o Amor, o respeito e a consideração devidas a Deus e ao próximo! É preciso que se diga que o Espírito de Caridade é humilde, respeitoso, paciente e despretensioso e, sobretudo, não faz negócio com a boa fé dos seus irmãos!

O homem mais avançado, quer pertença a linha intelectual ou mística, começa a notar que os ensinos dos saduceus e fariseus (cientistas, intelectuais e teólogos) carecem de autoridade espiritual, ou seja, da “certeza do conhecimento” por não estarem ancorados na “investigação direta”, proporcionada pela Iniciação, portanto, falta-lhes o “Espírito da Verdade”, que os distinguirão sempre dos ensinos incompletos ou relativos.

O intelecto, por mais penetrante que possa ser, poderá rodear a porta do templo do Espírito procurando por uma brecha que lhe de acesso ao seu interior, entretanto, por mais louváveis que sejam os seus esforços, esta jamais se abrirá ante a audácia dos seus assaltos!

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