A Ortodoxia Católica e o Esoterismo Rosacruciano
Ennio Dinucci….
Os ensinos astrológicos apresentados pelo Sr. Max Heindel em sua obra, “A Mensagem das Estrelas”, informam que a evolução da humanidade se processa através de grandes épocas, que duram aproximadamente dois mil e cem anos cada uma, originadas por um fenômeno astronômico conhecido sob o nome de: “precessão dos equinócios”.
A raça Ária, especialmente, é mais avançada e mais preparada para o cristianismo, portanto responde a várias destas influências astrológicas, refletidas por três pares de Signos: Áries-Libra, que correspondeu ao período que foi de Moisés a Cristo; a época de Pisces-Vigo, relacionada com os últimos dois mil anos de catolicismo e os dois mil anos futuros, que constituirão a “Era de Aquário-Leo, sob cuja influência se dará a reconciliação entre os vários extremos ou polaridades contrárias que pareciam irreconciliáveis, a saber: A Razão (fogo) e os Sentimentos (água); o Estado e a religião; o homem e a mulher; a teologia e a ciência, etc. Segundo os Rosacruzes: “O Cristianismo Esotérico”, e não o católico ortodoxo, será a religião universal prevista para essa futura época.
O catolicismo dominou praticamente desde o seu início, especialmente na idade média e período renascentista (séculos XV e XVI), impondo a seus fiéis uma fé cega e anticientífica, que tolhia sua liberdade de expressão, impedindo-os de questionarem ou fazerem qualquer apelo à razão.
Com o passar do tempo seu poderio entrou em declínio lentamente e, embora ainda exerça uma considerável influência sobre as mentalidades menos independentes, encontra-se bastante debilitado após o advento da ciência moderna.
Sob outro aspecto, é forçoso reconhecer que a imposição religiosa do passado justificou-se até certo ponto, uma vez que as massas populares, com raras exceções, não possuíam condições mentais e psicológicas para assimilarem um ensino mais profundo, porém esse fato não justifica a intolerância e a brutalidade empregadas pelos “pais da religião”.
Na atualidade, o nível intelectual das pessoas tem crescido notavelmente e, todo aquele que desejar têm acesso a uma série de ensinos metafísicos oriundos das Escolas Esotéricas da Antiguidade, revelados nesse distante passado a alguns poucos escolhidos.
Esses ensinos, considerados como heréticos pela religião emergente (catolicismo), foram confiscados e destruídos pelo fogo e pelas armas, com o objetivo de eliminar qualquer idéia relacionada com a antiga e incompreendida sabedoria esotérica.
Os grandes “Doutores da Gnose” (conhecimento esotérico) foram perseguidos e caluniados pelos corifeus da religião, que apelavam para a tortura e o assassinato, para impedir que seus ensinamentos fossem divulgados! Preciosos manuscritos deixados pelas antigas Escolas do Egito, da Babilônia, da Grécia e de outras nações altamente desenvolvidas foram destruídos implacavelmente pelo fanatismo odioso e pela ignorância dos guias eclesiásticos! O incêndio da Biblioteca de Alexandria foi um dos grandes crimes praticados contra a humanidade pela inconsciência dos pretensos “sucessores” de Pedro!
Os Ocultistas mais renomados tiveram de ocultar seus ensinos sob vários disfarces e até mesmo enterrá-los a fim de preservá-los para a posteridade. A descoberta de alguns textos gnósticos em “Nag Hammadi”, no alto Egito, atribuídos ao Gnóstico Valentino, homem de grande sensibilidade e cultura, nascido no Egito, prova essa triste realidade do passado. Sendo que alguns deles, só conseguiram chegar aos nossos dias por terem sido traduzidos para o grego.
A destruição desses tesouros filosóficos (o que não impediu a igreja de apropriar-se de muitas das suas idéias) tinha ainda um outro objetivo em vista: impedir a humanidade de entrar em contato com as idéias que promovem o progresso; que libertam e expandem a consciência, o que, obviamente, não interessava à hierarquia católica, uma vez que o conhecimento da verdade emanciparia seus fiéis da tutela e da exploração sacerdotal.
Não foi sem motivo que os Evangelhos profetizaram: “Ai de vós, intérpretes da lei! porque tomastes a chave da ciência (No passado, a cultura estava totalmente subordinada à igreja); contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando” (Lucas 11-52).
Como é impossível impedir a verdade de seguir seu curso… na atualidade os ensinos esotéricos são divulgados livremente (malgrado os guias religiosos) e, todo aquele que manifeste qualquer interesse por eles, poderá beneficiar-se com amplos esclarecimentos sobre os mistérios do Ser e do universo, sem correr o risco de prestar contas aos tribunais eclesiásticos. Este é o grande objetivo da Ordem Rosacruz!
Por outro lado, os diretores da instituição católica parecem ignorar, até hoje, que os seus métodos (não os da religião) estão ultrapassados e desacreditados, não atendendo mais às exigências psicológicas de uma humanidade mais esclarecida. Embora a instituição represente ainda uma força política bastante considerável, impondo-se às massas e aos governos como uma das empresas mais ricas e poderosas do mundo, no sentido religioso encontra-se num processo crescente de decadência e corrupção que, a passos largos, está corroendo seu antigo prestígio e poderio.
A lembrança das glórias passadas e a prepotência dos seus líderes, que insistem em interpretar as Escrituras pelo ponto de vista histórico e biográfico apenas, assim como, o de sobrepor a figura humana de Maria ao Divino Espírito de Cristo, elevando-a ao altar para ser adorada como uma deusa, são os principais causadores da sua queda e a pedra de tropeço de um sacerdócio astucioso e hipócrita.
Limitados por seus dogmas e por uma visão unilateral da doutrina, continuam a defender intransigentemente o lamentável engano do passado, afirmando que o catolicismo é o único e legítimo método autorizado por Cristo, capaz de conduzir o homem à salvação eterna, e que tudo o que não for sancionado pelos “príncipes da igreja” está praticamente condenado.
Esta visão limitada não é restrita apenas ao catolicismo romano, mas também ao oriental, e até mesmo os protestantes, que se subdividiram em inúmeras seitas não conseguiram sobrepor-se a este ponto de vista infantil e tacanho. Seu único aspecto positivo foi o de ter espalhado a Bíblia e o Novo Testamento por todo o mundo e ter servido de resistência às pretensões papais.
Embora tenha tido sua utilidade, contribuindo para o desenvolvimento industrial e político de algumas nações do mundo ocidental (especialmente do norte da Europa e dos Estados Unidos da América), o protestantismo não passa de uma dissidência da religião católica, frio e desprovido de lógica, carente de um culto eficaz!
Como não poderia deixar de acontecer, os evangélicos também se consideram os únicos autorizados a interpretar as Escrituras, jactando-se de serem fiéis seguidores da doutrina de Cristo, parodiando nesse sentido a mesma pretensão dos clérigos, afirmando que fora da sua igreja a salvação se torna impossível.
Se uma escola de grau primário afirmasse que os seus ensinos incluem todo o conhecimento, e que fora destes, todo e qualquer outro seria falso ou de má fé, esta pretensão, certamente, seria rejeitada pelas mentes mais esclarecidas, tida como absurda e prepotente. Infelizmente é o que os teólogos de ambas as linhas têm afirmado constantemente!
Entretanto, essa idéia distorcida não deve ser atribuída à religião, uma vez que esta foi estabelecida pelos Guias da evolução (e não pelos sacerdotes e ministros) destinada às massas menos favorecidas, no sentido psicológico, ocultando em seus dogmas um profundo simbolismo, cujos significados não são mais compreendidos pelos pretensos intermediários entre Deus e os homens! É muito popular o ditado que diz: “Se você acredita em Deus, fique longe dos padres e dos ministros evangélicos”.
A falsa idéia de que o catolicismo romano foi instituído diretamente por Jesus-Cristo, sendo assim, a última palavra em matéria de doutrina foi forjada pelos fundadores da instituição. Se os estudiosos se derem ao trabalho de investigar a essência do credo católico, à luz do esoterismo rosacruciano, facilmente verificarão que este faz alusão, embora veladamente, a um ensino mais profundo e elevado, destinado a uma elite mais esclarecida, da mesma forma que uma escola primária faz vislumbrar aos seus alunos a existência da universidade!
Com a aproximação do final da presente época (Pisces-Virgo) e da aurora de uma nova era (Aquário-Leo), a Ordem Rosacruz, a Escola de Mistérios do Ocidente (que não tem qualquer ligação com a AMORC), e precursora dos ensinamentos que deverão vigorar nesse futuro próximo, apresentou no início do século passado (1909) uma síntese filosófica superior, com o intuito de revelar o lado científico dos Evangelhos, em perfeita harmonia com a verdadeira religião, se bem que totalmente independente das opiniões teológicas e eclesiásticas.
Como a natureza do Signo de Aquário é mental e científica, e seu Signo oposto é Leo, que governa o coração, sede do Amor e dos sentimentos altruístas, o objetivo desta Augusta Escola é responder a todas as perguntas que uma mente atilada for capaz de formular, despertando no estudioso sincero um profundo sentimento de veneração e respeito pelo Arquiteto do Universo; sentimento este de absoluta necessidade, pois sem ele o conhecimento de todos os mistérios seria inútil!
Seus métodos incluem, especialmente, um novo sistema de educação que deverá ser estudado seriamente sem qualquer preconceito de ordem mundana e sem apelos a qualquer autoridade exterior (especialmente as eclesiásticas).
Esta nova educação visa o despertar dos dois centros superiores de raciocínio e sentimento localizados no cérebro etérico, governados por Urano e Netuno, ou seja, o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Estas duas glândulas são físicas, porém cada uma delas é interpenetrada por uma base etérica especializada, sobre as quais se apóiam os Chakras “Frontal e Coronário”, regidos pelo Sol e pela Lua que, por sua vez, servem de apoio primário ao segundo e terceiro aspectos do Espírito do homem: o Espírito de Vida (Amor-Sabedoria) e o Espírito Humano (Razão).
O estudo do rosacrucianismo demonstrará ao intelecto mais exigente – desde que este não esteja limitado pelos preconceitos científicos e teológicos – que a Bíblia e os Evangelhos possuem um lado oculto e misterioso, rejeitado preconceituosamente pelas duas instituições: a ciência e a teologia. Ambas pretendem explicar as origens do homem e do universo, fazendo uso de uma destas faculdades apenas, ou seja, a razão divorciada dos sentimentos no caso da ciência, e os sentimentos e a fé desligados da razão quando se trata da teologia clerical.
A sustentação desses métodos unilaterais e deficientes obrigaram as duas instituições a sustentarem uma série de idéias incompletas que não podem ser aceitas como verdades absolutas e definitivas. No caso da ciência a vemos constantemente reformulando suas hipóteses sem chegar a qualquer resultado satisfatório que lhes dê a certeza das suas conclusões.
A teologia ortodoxa, por sua vez, apóia-se em alguns princípios verdadeiros, porém obscuros e totalmente incompreendidos por ela, pois a ausência do Entendimento Espiritual, ou seja, a união da razão com o Amor, impede os teólogos de alcançarem seu real significado.
Por exemplo: afirma a religião católica que o sacrifício do Salvador na cruz e o conseqüente derramamento do seu sangue são suficientes para salvar as almas do fogo eterno do inferno e franquear-lhes as portas do céu, desde que o devoto acredite neste dogma e obedeça sem questionar a ordenança dos seus guias.
Embora esta premissa religiosa encerre um profundo significado espiritual – quando examinada à luz da Ciência Oculta – ela dificilmente será aceita por pessoas de natureza intelectual, incapazes de apoiarem-se numa fé emocional, que as proíbe de pesquisar e raciocinar. O mesmo sucede com as pessoas dotadas de uma certa sensibilidade ou percepção espiritual, que não podem aceitar os enunciados frios e absurdos de uma ciência materialista, que nega a existência de uma inteligência divina!
A essência das verdadeiras religiões é dogmática, ou melhor, esotérica e, embora seus guias rejeitem raivosamente esta verdade, até hoje não conseguiram explicar racionalmente seus mistérios nem as razões que os levaram a repudiar o hermetismo da religião.
A aversão pelo esoterismo superior, que daria vida, valor e racionalidade aos dogmas religiosos, obrigou seus líderes a sustentarem uma teoria defeituosa, a qual afirma que os mistérios religiosos devem ser aceitos sem discussões por parte dos fiéis, pois a estes não é facultado o direito de especular sobre as verdades divinas. Esta teoria absurda, que afronta a liberdade de consciência do homem, é muito estranha e astuta, pois faz supor que eles as conhecem, embora este conhecimento não transpareça nas suas ações!
A afirmação gratuita de que os mistérios de Deus não devem ser investigados pelo homem é uma falácia sem sentido, pois em nenhuma tradição religiosa autorizada se fez tal afirmação. Ao contrário, o próprio Espírito de Cristo, a encarnação perfeita do Amor e da Sabedoria, condicionou a “libertação do Homem” ao “conhecimento da verdade” e, se as suas palavras ainda merecem algum crédito por parte da “igreja católica” como expressões de leis que não se alteram e não se desdizem, conclui-se que a verdade pode e deve ser investigada, desde que se parta de premissas legítimas consideradas à luz, não de uma, mas das duas faculdades espirituais do homem: Razão e Amor!
O que é a verdade? – perguntou Pilatos a Cristo na cena do julgamento; o que é a verdade? – perguntam os Pilatos contemporâneos, assediados pelas dúvidas cruciais do intelectualismo científico!
Segundo o Divino Mestre a verdade é proveniente do céu (Evangelho Apócrifo de Nicodemos), ou seja, é a substância ou essência mental abstrata que transcende a forma ou a matéria e que não pode ser captada e pesquisada pelos sentidos materiais. É a causa espiritual emanada do “Pensador” que precede o efeito; o poder divino que interpenetra os homens, os mundos e todos os acontecimentos inexplicáveis, que até hoje não puderam ser explicados pela orgulhosa sabedoria acadêmica! É o sentido superior que se oculta na letra da Bíblia e dos Evangelhos e que, infelizmente, foi perdido ou talvez nunca encontrado pelos presunçosos “doutores em teologia!”
Talvez surja a pergunta: é possível tomar consciência dessas verdades que constituem a essência de todos os ensinos e de todos os seres do mundo material, entre os quais o homem é o maior e mais misterioso de todos? Claro que sim, e a base filosófica oferecida pela Ordem Rosacruz não tem outro objetivo em vista a não ser esse.
Os teólogos católicos, especialmente, demonstraram sua falta de sabedoria ao separarem o esoterismo da religião ou a inteligência do Amor, pois sem o respaldo destas duas faculdades a religião tornou-se cega, e a carência de uma orientação racional inclinou seus prosélitos para a idolatria, a superstição e o fanatismo.
Este fato é facilmente comprovado, se observarmos a atitude pouco sensata dos fiéis, que apóiam sua fé em imagens de gesso, pedra ou madeira; em relíquias bastante duvidosas (unhas, cabelos, fragmentos de ossos) e até mesmo em corpos mumificados de alguns santos, exibidos morbidamente em algumas igrejas.
Esta demonstração idolátrica, que encobre a ignorância e materialismo das massas fanatizadas, é estimulada astuciosamente pelos seus guias, pois rende muito dinheiro! A passividade astuta dos sacerdotes, frente a inconsciência dos fiéis, constitui-se como uma afronta aos ensinos bíblicos que proíbem a veneração de imagens! Revela também que o conceito de santidade não foi devidamente compreendido, uma vez que esta reside na alma, não no corpo ou nos objetos pertencentes a alguma pessoa!
A carência de uma visão mais elevada fez com que os rituais e os sacramentos perdessem seu sentido espiritual e, obviamente, sua eficácia, pois ao repudiar as idéias superiores que os vivificavam e lhes davam sentido, os oficiantes se viram limitados “a certas formas religiosas que sobreviveram às idéias perdidas” (Eliphas Levi).
A afirmação de que os pontífices são as únicas autoridades que estão na posse das “Chaves do Céu”, desmentiu-se em toda a trajetória do catolicismo, manchado horrivelmente pelo egoísmo e pela ambição material dos seus sacerdotes. Seu passado de dois mil anos tem mostrado uma triste realidade que não se coaduna com os ensinos do Salvador dos homens e dos seus Apóstolos!
As perversões e as atrocidades cometidas em nome do Divino Iniciador provam sobejamente que eles nunca estiveram na posse de tais chaves, pois as que foram entregues a Pedro, pelo Fundador do Cristianismo, abrem as portas das Iniciações Superiores, ao passo que as supostas chaves, empregadas pelos fariseus de Roma, são inadequadas para este fim, uma vez que não se chega ao “Reino da Verdade Eterna” na base das vaidades pessoais, das honrarias principescas e acúmulos de tesouros terrestres!
Além disso, os teólogos se indispuseram com uma lei de suma importância que põe por terra toda a sua doutrina: A “Reencarnação”. A não aceitação desta lei da natureza os levou à adoção de idéias falsas que entraram em conflito com a lógica e o bom senso dos ensinos superiores de todas as idades!
É tempo de se compreender que as duas chaves entregues a Pedro pelo Espírito de Cristo são fórmulas que dão acesso ao “Templo Interior” do homem, não tendo nada em comum com o poder político e temporal, muito menos com os longos e luxuosos paramentos, com coroas de ouro e pedras preciosas!
A ambição do clero pelas riquezas materiais o situou num plano de materialismo e injustiças, fazendo-o esquecer de que somente as virtudes tradicionais: Fé, Esperança, Caridade, Justiça, Firmeza, Prudência e Temperança têm o poder de abrir esse misterioso Templo, ao passo que “as riquezas materiais, nas mãos de homens injustos, “só lhes poderão abrir as portas do túmulo ou do inferno”, como bem argumentou Eliphas Levi!
Essas duas chaves se referem aos dois centros espirituais do homem, “Razão e Amor”, sem os quais é impossível chegar ao conhecimento da verdade! Com a dinamização e o emprego destas duas faculdades, a Razão se torna iluminada pelo Amor, e o Amor será impedido de enganar-se por estar respaldado pela Razão que o defende e protege!
Para contar com o estímulo permanente do Adorável Espírito de Cristo é necessário a formação de uma “Corrente Espiritual” (Igreja ou Egrégora em grego), constituída por homens e mulheres realmente esclarecidos e unificados pelo espírito de inteligência e de caridade (Razão e Amor), pois só através de uma Corrente desta categoria, o Grande Hierofante (Cristo) encontra meios de cumprir sua promessa: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18:20).
Oxalá nossos leitores possam compreender a importância desta base coletiva superior, pois só ela é capaz de manter a Instituição Cristã (Escola) unida e protegida contra os assaltos do “maligno”: o egoísmo, a ambição, a vaidade e a mentira!
O nome Pedro significa: pedra ou rocha, símbolo de um estado de alma individual e coletivo ao mesmo tempo, que há de servir de fundamento à verdadeira Igreja de Cristo (Egrégora) contra a qual “(…) as portas do inferno (Hades ou forças de repulsão) não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).
Diz Eliphas Levi em sua obra, “História da Magia”: “A glória do cristianismo é de ter chamado todos os homens à verdade, sem distinção de povos e de castas, mas não sem distinção de inteligências e de virtudes”. Esta afirmação encerra uma profunda sabedoria, levando o estudante a repudiar a ignorância, a superstição, a idolatria, as paixões e os vícios, sobrepondo a estes os valores das virtudes, as quais tornam possível o despertar de uma fé inteligente!
Segundo o Salvador dos homens é preciso pedir a Deus que envie trabalhadores para a sua seara, pois os que se encontram em atividade são poucos! Esta recomendação de Cristo nos leva a considerar dois aspectos da questão: o primeiro, que Deus concede esta honra ao homem, tornando-o participante ativo do maravilhoso plano evolutivo, concebido por Ele, desde que este se classifique para tal empreendimento! O segundo, a considerar que classe de auxiliares estará em condições de ser recrutada, a fim de prestar esse auxílio.
Dentro da lógica mais elementar não é possível admitir que os tolos, os ignorantes e irresponsáveis, limitados por uma fé cega e irracional possam arcar com essa responsabilidade. Menos ainda os políticos e empresários eclesiásticos que transformaram a religião num mercado e que, em sua inconsciência, separaram Deus do homem, enviando-o para um céu distante, cavando um abismo intransponível entre a consciência humana e o Espírito Divino que a traz à existência!
Diz a Razão que os trabalhadores da seara hão de ser homens livres e sábios, capazes de raciocinar e de amar, e não indivíduos limitados por uma mentalidade fria e sem amor, ou por um sentimentalismo desequilibrado e fanatizado, sem o respaldo da verdadeira razão. Esses, evidentemente, não poderiam auxiliar e, apesar das suas pretensões, são os mais necessitados!
A tomada de consciência das próprias possibilidades atuais, assim como dos obstáculos que hão de ser removidos, é o primeiro passo indispensável, que todo o candidato esclarecido deverá dar, antes de sonhar com a Iluminação e a Iniciação. É necessário investir sabiamente nas capacidades já desenvolvidas, para que se torne possível desenvolver outras que só existem na imaginação, mas que na verdade não existem na prática.
Uma das passagens mais significativas do Evangelho de João (A cura de um paralítico) descreve a existência de uma multidão de enfermos, que aguardam pela manifestação de um poder superior capaz de curá-los.
Esta passagem é simbólica, evidentemente, uma vez que não trata de doenças físicas, mas psicológicas. Entre esses enfermos, que constituem a maior parte da humanidade, encontram-se alguns aspirantes à Vida Superior que se distinguem dos demais, pela tomada de consciência das suas próprias limitações anímicas.
Esclarecidos pela Ciência da Luz, estes indivíduos esforçam-se no sentido de tornar práticos os ensinos recebidos (mover as águas), cuja finalidade é a de eliminar a paralisia congênita que os imobiliza, impedindo-os de agir na direção do próprio Espírito!
São Paulo afirmou: “Agora é a hora da salvação”, portanto, é chegado o momento de trabalhar conscientemente para a própria evolução, pondo em atividade seus dois centros superiores – Razão e Amor – a fim de transformar-se num auxiliar competente do plano evolutivo!
Como trabalhadores da seara, os Mestres deixaram em seus ensinos a fórmula mágica para que os cegos, os coxos e paralíticos curem suas deficiências anímicas, assim como eles a aplicaram sobre si mesmos no passado, conquistando o direito e o poder de auxiliar a humanidade atual. Esta é a razão que os leva a conclamar os autênticos aspirantes, com o propósito de incluí-los na sua Egrégora de Luz, pois só assim o número de trabalhadores aumentará!
Nesta passagem é feita alusão a uma porta misteriosa denominada: “Porta das ovelhas”. Também é mencionada a existência de um “tanque” e de um nível de consciência denominado “Cinco Pavilhões”. Que o leitor interessado procure abrir (Efetà) seus ouvidos e seus olhos espirituais para captar o verdadeiro conhecimento destes símbolos!
Vosso servo e irmão em Cristo – Ennio Dinucci
São Paulo, Março de 2003